
Ivana.
V&I: Pelo visto, hoje é dia de festa. Você sempre sai para dançar?
Ivana: Sempre. Todos os domingos e todas as sextas-feiras, com elas [aponta escada acima].
V&I: Elas são amigas, parentes?
Ivana: Uma é minha filha, a outra é minha amiga.
V&I: Que ritmos você mais gosta de dançar?
Ivana: Adoro bolero, samba...
V&I: Você dança há muito tempo?
Ivana: Ah, já há uns vinte anos.
V&I: E como você aprendeu a dançar?
Ivana: Sozinha!
V&I: Mas como que se aprende a dançar sozinho?
Ivana: Os parceiros ensinam!

Ivana: Não. A cada vez que a gente vem, dançamos com pessoas diferentes. Sempre tem gente nova.
V&I: Funciona à moda antiga? É o cavalheiro quem tira a dama para dançar?
Ivana: Exatamente. Ainda é assim.
V&I: Bolero é sua especialidade?
Ivana: Sim. E samba também.
V&I: Algum ritmo mais difícil de dançar, alguma coisa que você tentou e não conseguiu?
Ivana: Tango. [Faz uma pausa e parece suspirar.] Tango é uma arte...

***
Esta foi a primeira entrevista que fiz baseada não no acaso de encontrar as pessoas nas ruas, mas sim em uma pauta pré-definida. A idéia de conversar com frequentadores dos salões de baile foi da Maray, do Che Caribe. Em breve, pretendo voltar ao Cartola Club no final do baile, um horário com dançarinos menos descansados e com mais tempo para o exercício da prosa.